Por que você continua triste mesmo quando "está tudo bem”?
- Felipe Leite
- 4 de ago.
- 2 min de leitura
📍 Por Felipe – Terapia Integrativa & Saúde Mental

Vivemos cercados de ruído. Vozes que nos dizem o que fazer, o que sentir, o que buscar. Redes sociais, gurus do bem-estar, listas de tarefas, compromissos inadiáveis. Mas há dias em que, mesmo sem nenhum grande problema aparente, algo aperta no peito. Uma sensação de desconexão, de tristeza sem causa, de ansiedade sem motivo.
“Mas minha vida está boa… por que estou assim?”
Talvez seja porque você aprendeu a calar algo que não deveria ser silenciado.
Quando o exterior está em ordem, mas continua triste internamente
Muita gente se apega a um checklist externo: emprego estável, rotina produtiva, amigos por perto, alimentação saudável.
Mas, por dentro, a alma segue inquieta.
O erro está em supor que o bem-estar é sempre consequência de uma vida “organizada”. Às vezes, a dor que você sente vem justamente da falta de sentido — e sentido não se resolve com organização.
A dor de não ser escutado — nem por você mesmo
É possível que você tenha aprendido a ser funcional. Mas funcionalidade sem escuta interna vira um modo automático de existir.
Quantas vezes você empurrou um sentimento só porque ele “não fazia sentido”?
Quantas vezes você se julgou fraco por sentir medo, raiva, tristeza?
Negar esses sentimentos não os elimina — apenas os tranca em silêncio.
O adoecimento da alma começa na negação do invisível
Não é porque você não vê que não está lá. Muitos sintomas físicos e emocionais nascem de um mundo afetivo ignorado. É o corpo que grita o que a boca não teve coragem de dizer.
Dores, compulsões, insônia, crises — todos podem ser tentativas do organismo de recuperar a presença que você perdeu de si mesmo.
Você precisa de descanso — mas não o descanso do corpo
Talvez o que você precise não seja uma pausa na agenda, mas uma pausa na cobrança.
Uma trégua nas exigências invisíveis que você mesmo se impõe:
“Eu deveria estar mais feliz.”
“Eu não posso sentir isso.”
“Eu tenho tudo, não posso reclamar.”
Descansar, às vezes, é permitir-se sentir sem justificar.
E se você começasse escutando aquilo que você evita pensar?
A vida real não acontece nos grandes marcos — mas nos pequenos incômodos que você sente e ignora.
Aquela tristeza no fim do domingo.
A ansiedade matinal sem motivo.
A vontade de sumir mesmo quando está rodeado de gente.
São sinais. Não para você se assustar, mas para começar a escutar.
A saúde emocional não é só ausência de crise. É presença de escuta.
É coragem de parar de fingir que está tudo bem quando não está.
É aprender a dar nome para o que se sente — sem medo, sem pressa, sem performance.
Porque às vezes, o que salva não é mudar de vida.
É simplesmente voltar a habitar a vida que já se tem, com mais presença e menos negação.
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