Traumas de Infância e Formação da Personalidade: Você é mesmo assim ou aprendeu a ser?
- Felipe Leite
- 15 de jul.
- 3 min de leitura
📍 Por Felipe – Terapia Integrativa & Saúde Mental

Como os Traumas de Infância Moldam Quem Você Acredita Ser: Quando a Personalidade É Só Um Mecanismo de Sobrevivência
Muitos dizem: "Eu sou assim", como quem declara uma verdade imutável sobre si. Mas quantas vezes essa frase não é, na realidade, a voz de um trauma antigo falando por você? Em um tempo em que somos incentivados a “nos aceitar como somos”, raramente nos perguntamos por que somos assim.
Será mesmo autenticidade... ou apenas defesa?
A Psicologia nos ensina que a identidade humana não é um ponto fixo, mas uma construção que se forma — e frequentemente se deforma — a partir de experiências vividas. Especialmente aquelas que nos marcaram antes que tivéssemos palavras para entender o que acontecia.
A Falsa Identidade: Quando o Eu é uma Armadura
O que chamamos de “jeito de ser” muitas vezes não passa de um conjunto de adaptações que o psiquismo forjou para suportar a dor, o medo ou a negligência. A pessoa que “precisa controlar tudo” muitas vezes foi uma criança que nunca se sentiu segura. A que diz “não me apego a ninguém” pode estar protegendo um coração que aprendeu que apego dói.
Essas defesas são legítimas. Foram necessárias. Mas quando se tornam definitivas, moldam uma personalidade inteira sobre os escombros de algo que ainda não foi resolvido.
Trauma Não Resolvido Vira Estilo de Vida
O corpo pode esquecer — a mente não. Ou melhor: ela se adapta. Muitos dos comportamentos automáticos que você repete há anos são apenas memórias emocionais mal digeridas.
“Você não é o que sente. Você é aquilo que faz com o que sente.”
A raiva constante, a frieza nas relações, a carência insaciável, a mania de perfeição, o medo do abandono — tudo isso pode não ser traço de caráter, mas cicatriz mal curada.
E, como toda ferida não tratada, ela sangra. Em silêncio. Nas suas relações, nas suas escolhas, nos seus sabotadores internos.
Identidade Verdadeira ou Condicionamento Emocional?
A grande pergunta que precisa ser feita no caminho da cura é: O que em mim é verdade, e o que em mim é sobrevivência?
Essa distinção não é fácil. Mas é essencial. Porque só a partir dela é possível começar o trabalho de descondicionar. De deixar de agir como um mecanismo e começar a agir como alguém inteiro.
É aqui que entra a psicoterapia — e mais do que isso: uma abordagem integrativa que também cuida do corpo onde o trauma se inscreveu.
Trauma Tem Corpo, Não Só História
Estudos em neurociência e psiconeuroimunologia demonstram que traumas não são apenas lembranças psicológicas. Eles ficam registrados no sistema nervoso, no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, na resposta inflamatória, no intestino, nos hormônios e até no metabolismo.
Por isso, uma verdadeira reconstrução identitária exige mais do que conversa. Exige que o corpo também seja envolvido no processo de cura. A integração entre psicoterapia, regulação hormonal, nutrição e suporte homeopático oferece a base para que o que era apenas sobrevivência se transforme, enfim, em vida autêntica.
Você Não É Sua Defesa
Você não nasceu controladora. Nem fria. Nem insegura. Nem obsessiva. Você apenas aprendeu a sobreviver da forma como deu.
Mas isso não é destino. Seu verdadeiro Eu está por trás da defesa.
Abaixo da dor. Do outro lado do trauma. E o trabalho de cura é o caminho que devolve a você essa verdade. Sem máscaras. Sem desculpas. Sem "eu sou assim". Só você. Inteira.




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